Salvador, 6 de abril de 2007. Sexta-feira.
Não sei muito bem como começar, ainda mais por se tratar de algo que apesar de tomar "parte" em toda a minha vida e que eu me lembre, o violino nunca teve um início de fato, iniciando pelo meio, por mais confuso que isso pareça.
Então começo como algo que nunca teve início.
Resolvi fazer as anotações da vida dramática de um violinista em perpétua produção.
Para isso, escolhi o nome: Diário de um violino.
Sim... O diário se trata de um violino, o diário do meu violino, não meu diário. Soaria opressor afirmar que minha vida se resume a violino.
Tentarei expressar da mais pura forma a vida de um estudante, com seus dramas, alegrias, erros, acertos, e dos momentos mais terríveis quando a dúvida permeia todo o dia e parece que o regresso o persegue.
Este diário tem a única finalidade de registrar e justificar o fim que a minha vida alcançará, seja ele bom ou ruim. Não creio que um dia este diário será publicado como algo interessante (sim, tenho consciência que não serei Gidon Kremer e que também este diário não será uma leitura obrigatória de jovens alunos de conservatório), por isso mesmo, o publico aqui, provavelmente esse diário se pareça mais com a vida dos jovens violinistas que olho e fico triste ao imaginar que todo este esforço está sendo feito para um dia ocupar uma posição secundária na sociedade, devido ao desmerecimento do artista, e digo para os artistas de qualidade média.
Mas o futuro, eu desconheço, tenho meus sonhos, tenho meus objetivos (de fato mais concretos que meus sonhos), e tenho minhas horas para percorrer em estudo, em lazer, em descanso.
Provavelmente este diário seja uma forma de consolo para outros violinistas que já estão entrando em processo de frustração.
Mas volto a dizer e esta talvez seja a frase mais importante de toda esta dispensável introdução e provavelmente de todo este diário: O futuro eu desconheço.
Relatarei aulas, dias de estudos, acontecimentos, crescimentos, regressos, burrices características de estudantes e muito raramente (pois é esta a freqüencia em que ocorrem) acertos que indicam progresso para a formação de um músico de fato profissional, coisa que meu país, e não só o meu, tem carecido de modo pertubardor.
Agora largo a humildade excessiva, porém verdadeira e não reprimirei meus sentimentos ilusórios de felicidades na vida musical, assim como farei o máximo para reproduzir os mals momentos segundo o que senti na hora que ocorreram, o que talvez não seja muito difícil pois pretendo fazer deste, talvez, o único diário em que escreverei todos os dias. Portanto, retratar o presente com fidelidade por vezes é mais fácil, ao menos se tratando de sentimentos e acontecimentos detalhados.
Largo os caprichos literários aqui e faço deste um lugar só meu, o que provavelmente realmente aconteça.
sexta-feira, 6 de abril de 2007
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2 comentários:
Olá, estou escrevendo um livro, do qual um dos personagens é uma violonista. Gostaria de pedir que você me ajudasse com alguma observação que queira fazer sobre como é a convivência com um violinista e se todos os violistas, que você conhece, ensaiam em casa ou se conhece alguém que só ensaie num estúdio ou escola de música. Obrigada!
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